O discurso das ciências sociais engendra frequentemente sintaxes circulares e afirmações que se destroem a si próprias. A auto-referência, que Douglas Hofstadter aproximou da emergência do «eu» e do auto-conhecimento, conduz nesses casos à dissolução do sentido: a linguagem torna-se opaca, instrumento de uma não-reflexão.
A concepção indiana decorre de uma atitude simétrica: a perspectiva crítica sobre a realidade exige por vezes a implosão da linguagem. Não se trata aqui de manifestações de «má gramática» mas de efeitos deliberados, induzidos por um jogo incessante de «ressonâncias» e «reverberações».
(José Carlos Gomes da Silva)