Este novo Livro de Horas, preenchido pela escrita de Maria Gabriela Llansol nos espaços livres — margens para ela expectantes — de uma boa parte dos livros que leu, e que hoje se encontram na biblioteca que deixou, vive de um setor literalmente «marginal» (mas não menos significativo) de toda a sua escrita inédita.
Estabelece-se, assim, nas onze partes que compõem Escrito nas Margens, uma imediata conexão, que a autora por mais de uma vez destaca, entre o ato de ler e o impulso de escrever. Trata-se de um gesto diferente, e único, de escrita a partir da leitura, para o qual a autora inventa um novo verbo: escreler.
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 22 de setembro.
Partindo da distinção (e complementaridade) entre a escrita que nasce do olhar sobre o mundo (que em Llansol pode ser o da imanência das coisas ou o do curso da História) e aquela cuja origem primeira é o livro alheio, chegamos a essa dupla forma de escrita-leitura: a do escre-ver (o livro do mundo) e a do escre-ler (o livro do outro).
«Sempre gostei de escrever nos livros. Posso marcá-los? Se sim, é porque ainda hoje o livro feito continua a ser querido, e a ser.»
Maria Gabriela Llansol
SOBRE A AUTORA
Maria Gabriela Llansol nasceu em Lisboa em 1931. É apontada por muitos como um dos nomes mais inovadores e importantes da ficção portuguesa contemporânea. Levando às últimas consequências a criação de um universo pessoal que desde os anos 60 não tem paralelo na literatura portuguesa, a obra de Maria Gabriela Llansol estilhaça as fronteiras entre o que designamos por ficção, diário, poesia, ensaio ou memórias. Faleceu em 2008.