O Prémio Camões 2024 foi atribuído a Adélia Prado, poeta natural de Minas Gerais, no Brasil, e de quem a Assírio & Alvim publicou em 2016 a antologia Tudo que Existe Louvará. «A poética de Adélia Prado é [...] escandalosamente erótica, porque é, talvez mais ainda, escandalosamente sacramental», escreveram então José Tolentino Mendonça e Miguel Cabedo e Vasconcelos no prefácio da obra.
O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo Ministério da Cultura num comunicado enviado às redações, após a reunião do júri da 36.ª edição do galardão. «Adélia Prado é autora de uma obra muito original, que se estende ao longo de décadas, com destaque para a produção poética. Herdeira de Carlos Drummond de Andrade, o autor que a deu a conhecer e que sobre ela escreveu as conhecidas palavras "Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo…", Adélia Prado é há longos anos uma voz inconfundível na literatura de língua portuguesa», elogiou o júri do prémio instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil em 1988. Anualmente, agracia «um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum».
Adélia Prado nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, em 1935, onde reside até hoje. A sua formação é em Magistério e Filosofia. Em 1976, publicou Bagagem. O ano de 1978 marca o lançamento de O coração disparado, que é agraciado com o Prémio Jabuti. Estreia-se em prosa no ano seguinte, com Solte os cachorros, e logo depois publica Cacos para um vitral. Em 1981 lança Terra de Santa Cruz. Os componentes da banda é publicado em 1984 e, a seguir, O pelicano e A faca no peito. Em 1991 é publicada a sua Poesia reunida. Em 1994, após anos de silêncio poético, ressurge com o livro O homem da mão seca. Em 1999 são lançados Manuscritos de Felipa, Oráculos de maio e a sua Prosa reunida. Em 2010 recebeu o Prémio Literário da Fundação Biblioteca Nacional e o Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Em junho de 2024 foi-lhe atribuído o Prémio Machado de Assis.
PRANTO PARA COMOVER JONATHAN
Os diamantes são indestrutíveis?
Mais é meu amor.
O mar é imenso?
Meu amor é maior,
mais belo sem ornamentos
do que um campo de flores.
Mais triste do que a morte,
mais desesperançado
do que a onda batendo no rochedo,
mais tenaz que o rochedo.
Ama e nem sabe mais o que ama.