Cobrindo um alargado espectro temporal – de 1901 a 1932 –, as brevíssimas composições (pequenas descrições, microcontos, breves apontamentos) que integram Cinza, Agulha, Lápis e Fosforozitos & outros brevíssimos textos sobre quase nada pintam delicadas cenas que, segundo a arguta descrição de W.G. Sebald, não duram mais do que um piscar de olhos.
Os textos de Robert Walser encenam uma discreta elegância, quase como se estivessem a pedir licença para existir. Neles se celebra a despojada humildade das pequenas coisas, dos mais ínfimos elementos que, votados – e eles próprios se votando – à sóbria desaparição, insistem em oferecer uma silenciosa e cintilante resistência à estridente voracidade do tempo: a cinza, a agulha, o lápis, o fósforo, a luva, o chapéu, o candeeiro, o relógio, o papel. Estes pequeníssimos textos sobre objetos do quotidiano, combinados com reflexões sobre o labor do escritor e a sua função no mundo, foram vertidos para português por Ricardo Gil Soeiro.
O livro estará disponível nas livrarias a 9 de março.
«Eu intimaria os escritores a, ao invés de pensarem em primeiro lugar no escritor, pensarem antes de mais no homem. A escrita provém do humano.» «Quão rico em objectos é o mundo; como não amá-lo continuamente com todo o coração?»
SOBRE O AUTOR
Robert Walser nasceu em Biel, na Suíça, em 1878 e viveu em Berna e Zurique, Estugarda e Berlim. Escreveu uma obra desdobrada em quinze livros, «estranho e fascinante espelho da vida», admirada por Musil, Kafka e Walter Benjamin. Morreu quando dava um dos seus passeios solitários no dia de Natal de 1956, perto do manicómio de Herisau, onde passou os últimos anos.