2024-05-19
Cidade sentada

Poderia estar de pé, ser pé, mas não, Lisboa
é cidade sentada, mesmo depois de ter sido
caravela cravada, assente em água de ágata,
torpe num abúlico não-fazer. Em cada gota
lamenta-se numa balada inclemente sem
destino e a seu modo embrutecida. Ígnea,
de aceitação safírica, hoje a sua história não
tem combate, apenas grito e grito a-solidário.
Lisboa-poço, tuas aves poderosas são machos
frustrados, presos, sem selo e jura, no cativeiro
do mando. Lisboa do passo lancetado, no
sopro de tuas narinas sopras, sopras e não vais.

Ana Marques Gastão
L de Lisboa

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Ana Marques Gastão