O único romance publicado (em 1986) por David Mourão-Ferreira recebeu o aplauso geral da crítica, tendo acumulado o Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio de Narrativa do Pen Clube Português, o Prémio D. Dinis e o Prémio de Ficção do Município de Lisboa. Essa quase unanimidade foi confirmada por um amplíssimo número de leitores de consecutivas edições.
Talvez pela ambiguidade do título, Um Amor Feliz abre-se a uma sedutora pluralidade de interpretações, todas elas deixadas em suspenso: o Amor Feliz será o que se concretiza na relação entre Fernão e Y? Entre o autor e a narratária? Ou antes com essa matéria mais carnalmente incorpórea, a feminina multidão das palavras, as que se entregam e as que se esquivam? Fernando J. B. Martinho assina o posfácio.
Na mesma ocasião, é publicado Gaivotas em Terra (1959). Quatro novelas lisboetas, quatro histórias em tempos e ambientes diversos da cidade. Esta foi a primeira obra de ficção de David Mourão-Ferreira, que se revelou exímio na arte da narrativa curta, logo galardoada com o Prémio Ricardo Malheiros. Estes textos, imediatamente aplaudidos – Urbano Tavares Rodrigues saudou um mestre da técnica novelesca –, comunicam entre si, com personagens reencontradas em várias novelas, e desenvolvem-se como um grande romance sobre a capital. Gaivotas em Terra continua a prender-nos nas suas histórias de amor e desamor, numa certa perceção da realidade portuguesa e da História com maiúscula (Maria Lúcia Lepecki) e a deixar-nos, nas palavras de Bruno Vieira Amaral, posfaciador desta edição, súbditos do império do desejo.
Os livros estarão disponíveis nas livrarias a 4 de outubro e já se encontram em pré-venda aqui e aqui.
SOBRE O AUTOR
David Mourão-Ferreira, poeta, ficcionista, ensaísta e crítico literário, traduzido em mais de dez línguas, foi um dos grandes escritores do século xx português. Atravessam a sua obra o Amor, a História e o Mundo, o Tempo e a Morte. E o eco de uma vida de leitura, escrita e ensino (foi professor da Faculdade de Letras de Lisboa durante mais de três décadas e divulgou a poesia na rádio e na televisão). Com o gosto do passado feito presente e a paixão do presente a fazer-se futuro. Entre um Ofício de Escreviver e A Arte de Amar.