Perante o poeta que se desdobrava em heterónimos e afirmou, pela voz de Álvaro de Campos, «Fingir é conhecer-se», é difícil saber o que, por detrás das muitas máscaras, «realmente» pensava e sentia. No entanto, é possível distinguir entre o autor literário e o homem civil, quotidiano, por mais que os dois se confundam. Estes Diários e Escritos Autobiográficos esboçam um retrato de Fernando Pessoa que, embora aproximativo e incompleto, tem a virtude de ser feito com as suas próprias palavras. E esse retrato interessa, não apenas para satisfazer a nossa curiosidade e ajudar-nos a compreender a natureza e evolução do génio do escritor, mas também para podermos apreciar melhor a sua vasta obra, na medida em que refere ou implica, direta ou veladamente, as suas experiências de vida.
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 19 de maio.
SOBRE O LIVRO
«O fingimento e a autobiografia, em proporções que vão variando, percorrem toda a obra literária de Pessoa, e mesmo os textos não propriamente literários apresentam, por vezes, “factos” inventados. […] Organizado cronologicamente, este conjunto de textos bastante diversificados permite-nos visualizar, ou pelo menos entrever, o poeta enquanto ser afetivo, com ligações fortes a parentes e amigos ou a braços com as suas preocupações, satisfações, saudades, esperanças e não poucas desilusões», dizem-nos Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, organizadores da obra. Além de diários e textos de índole diarística, a primeira secção da presente edição acolhe um considerável número de cartas, três das quais inéditas, e ainda rascunhos de cartas, apontamentos pessoais e um ou outro excerto de obras literárias. Já a segunda seção da obra privilegia poemas ligados a acontecimentos de vida e a situações mais concretas.
SOBRE O AUTOR
Fernando Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1888. Em vida apenas publicou uma ínfima parte da sua vasta obra. O trabalho em redor da famosa arca pessoana continua, ainda hoje, a mostrar ao público novos inéditos, alguns deles a revelar em livros futuros da coleção Pessoa breve. É, a par de Camões, o maior ícone da literatura portuguesa, estando traduzido em dezenas de línguas, do espanhol ao inglês, do russo ao japonês. Faleceu a 30 de novembro de 1935, na mesma cidade que o viu nascer.