Fidelidade (1958), que a Assírio & Alvim agora publica, é o aprofundar de uma matriz poética mais tarde reconhecível, onde as cicatrizes de um descontentamento com a situação do mundo e do país se começam a desenhar. Sem concessões, Jorge de Sena apõe cada palavra com a precisão do arquiteto, segurando a construção do templo. Este volume conta ainda com prefácio de Nuno Júdice.
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 9 de março.
Tudo se partiu
em cacos
nas mãos que tremem
só eu estou inteiro
mas não em mim.
«De muitas formas podemos interpretar o título Fidelidade deste livro, publicado em 1958, que inclui poemas escritos de 1951 ao ano da publicação. Numa década, a desses anos 50 em que o país ainda vive submerso numa “apagada e vil tristeza”, reflectida em vários momentos que são apresentados logo na “Epígrafe para a arte de furtar”, o poeta inclui, já, ao lado dessa imagem crítica e, podemos dizer, sem esperança de modificação ou, melhor dizendo, de revolução, uma fuga na revisitação de clássicos de vária proveniência que ele glosa e aprofunda ao longo do livro.» [do Prefácio]
SOBRE O AUTOR
Jorge de Sena nasceu em Lisboa a 2 de novembro de 1919 e morreu em Santa Bárbara, na Califórnia, a 4 de junho de 1978. Licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia do Porto, parte para o exílio no Brasil em 1959 e aí doutora-se em Letras e torna-se regente das cadeiras de Teoria da Literatura e de Literatura Portuguesa. Muda-se para os EUA em 1965, lecionando na Universidade de Wisconsin e, anos depois, na Universidade da Califórnia. Poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta e tradutor, é considerado um dos mais relevantes escritores de língua portuguesa do século XX, autor de títulos como Metamorfoses (1963), Os Grão-Capitães (1976), O Físico Prodigioso (1977) e Sinais de Fogo (1979), este último considerado a sua obra-prima.