2023-01-30

Da subjetividade ao mundo concreto

Novos Poemas é considerada uma obra de maturidade de Rainer Maria Rilke

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Traduzidos e prefaciados por Maria Teresa Dias Furtado, estes Novos Poemas (1907-1908) são uma obra de maturidade. Aqui, a linguagem eclipsa qualquer tipo de subjetividade e dirige-se ao mundo concreto das coisas, privilegiando a arte: composições sobre esculturas, monumentos, onde se incluem os famosos poemas «A Pantera», ou «Torso Arcaico de Apolo».

Profundamente influenciado por Rodin e Cézanne, Rainer Maria Rilke abre-nos as portas a um mundo transfigurado pela sua poesia. Estes versos foram construídos em duas fases: a primeira entre 1903 e 1907, e a segunda escrita entre os verões de 1907 e 1908.

 

O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível das livrarias a 9 de fevereiro.

 

«O processo de criação destes poemas consistiu sempre em conseguir o desejado equilíbrio entre o aspecto temporal e o espacial. A estrutura poemática daí resultante foi designada pelo conceito de «figura», que Rilke também adoptou. Algo de semelhante se passou na poesia do seu contemporâneo T.S. Eliot, que criou o distanciamento das coisas ou cenas através do que chamou objective correlative.» [do prefácio]

 

O POETA

 

Ó hora, de mim te afastas, vou-te perder.

O teu roçar de asas chagas abre, como antes abria.

Só: com minha boca, que hei-de fazer?

com a minha noite? com o meu dia?

 

Amada não tenho, casa não posso habitar,

nenhum lugar onde possa viver.

Todas as coisas, a que me estou a entregar,

enriquecem e vão-me deixar.

 

SOBRE O AUTOR

Rainer Maria Rilke nasceu em Praga, em 1875. Escritor precoce, publicou o seu primeiro livro de poesia antes dos vinte anos, Vida e Canções (1894). Entre as suas obras mais famosas contam-se As Elegias de Duíno (1923), Cartas a um Jovem Poeta (1929, obra póstuma) e o seu único romance, de teor autobiográfico, As Anotações de Malte Laurids Brigge (1910). Rilke destacou-se como um dos autores mais relevantes de língua alemã, tanto na poesia como na prosa lírica. Faleceu em Valmont, na Suíça, vítima de leucemia, em 1926.