Dando início às celebrações do centenário de nascimento de Carlos de Oliveira, a Assírio & Alvim edita Alcateia, uma obra de uma força notável que ficou prescrita do cânone do autor, por sua vontade.
Depois de apreendida a primeira edição, em 1944, o texto que aqui se publica é o da segunda edição, dada à estampa logo no ano seguinte, em 1945.
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 9 de setembro.
Alcateia tem o seu próprio «fado», como frisa Osvaldo Manuel Silvestre no prefácio da nova edição. Nessas linhas se conta como a tentativa da reescrita desta história foi o último projeto literário de Carlos de Oliveira e que o autor, a pouquíssimos dias da sua morte, terá pedido à companheira de sempre que deitasse todos esses papéis ao lixo. Estamos, portanto, perante um livro que sobreviveu à máquina do tempo, «um romance poderoso, dotado de personagens fortes e peripécias arrebatadoras».
Sobre o autor
Carlos de Oliveira nasceu em 1921, em Belém do Pará, filho de pais portugueses emigrados no Brasil. Tinha apenas dois anos quando a família regressou a Portugal. Na cidade que o acolheu, Coimbra, participou no grupo do Novo Cancioneiro, na génese do movimento Neorrealista, de que viria a ser uma das maiores vozes. Colaborou nas revistas Altitude e Seara Nova, e dirigiu durante algum tempo a revista Vértice. Começou a destacar-se com os seus livros de poesia – Mãe Pobre (1945), Micropaisagem (1968), Pastoral (1977), entre outros. O seu trabalho distingue-se pela constante depuração da escrita e pelo questionamento do gesto autoral, levando-o a corrigir e reescrever quase todos os seus trabalhos até ao final da vida: são disso exemplo os seus romances Casa na Duna (1943), Pequenos Burgueses (1948), Uma Abelha na Chuva (1953) ou Finisterra (1978). Faleceu em Lisboa a 1 de julho de 1981.