Prosa Publicada em Vida

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SINOPSE

«No trecho do Livro do Desassossego que começa "Prefiro a prosa ao verso como modo de arte" e que constitui, todo ele, uma magnífica apologia da prosa como forma artística superior, lemos: "Na prosa se engloba toda a arte — em parte porque na palavra se contém todo o mundo, em parte porque na palavra livre se contém toda a possibilidade de o dizer e pensar". O presente volume, que reúne a grande maioria dos textos em prosa publicados em vida de Pessoa, confirma a verdade dessa afirmação — pela enorme variedade temática dos textos, pela sua diversificação estilística, pela sua originalidade expressiva e pela ausência de ideias e opiniões rígidas, ou melhor: pela convivência de elementos díspares e até contraditórios. […] Mas Pessoa era fundamentalmente um poeta, mesmo quando disfarçado do ajudante de guarda-livros que se dizia "incapaz de escrever em verso". Era poeta, mesmo na prosa, por sonhar alto e nos fazer sentir tais alturas; por poder sentir pensando e pensar sentindo, vendo e exprimindo o que existe (ou não existe) como se fosse pela primeira vez; por querer — e conseguir — dizer mais do que as palavras dizem. […]
A invulgar inteligência, o enorme poder analítico e a incansável curiosidade intelectual são ingredientes essenciais do génio de Fernando Pessoa, mas não haveria génio nenhum sem a sua alma "não-aristotélica", que soube saltar para além do que é racional e mensurável, dando origem a obras, ou melhor, a uma Obra, que extravasa com não sabemos o que seja (chamemos-lhe "beleza", chamemos-lhe "verdade"), precisamente nas suas lacunas, nas hesitações, no que tem de inevitavelmente fragmentário, naquilo que o raciocinador não conseguiu explicar, mas que o poeta sussurra, ainda hoje, ao ouvido atento.» Do Prefácio de Richard Zenith, editor da obra.
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COMENTÁRIOS DOS LEITORES

Controverso… por vezes, mas Arrebatante
José Augusto Nogueira Pinto | 2015-06-14
Excelente seleção e organização dos textos protagonizada por Richard Zenith. Alguns dos textos são de uma magnificência que devem ser lidos e repetidos. Traçam o retrato de Fernando Pessoa, controverso por vezes com outros críticos, mas de uma espiritualidade cativante ao longo da leitura.

DETALHES DO PRODUTO

Prosa Publicada em Vida
ISBN: 978-972-37-1123-3
Edição/reimpressão: 01-2007
Editor: Assírio & Alvim
Código: 78673
Idioma: Português
Dimensões: 157 x 244 x 36 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 480
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros > Livros em Português > Literatura > Romance
Um dos maiores génios poéticos de toda a nossa literatura, conhecido mundialmente. A sua poesia acabou por ser decisiva na evolução de toda a produção poética portuguesa do século xx. Se nele é ainda notória a herança simbolista, Pessoa foi mais longe, não só quanto à criação (e invenção) de novas tentativas artísticas e literárias, mas também no que respeita ao esforço de teorização e de crítica literária. É um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da vida. É precisamente nesta tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla (com um forte substrato de filosofia racionalista e mesmo de influência oriental) que reside uma explicação plausível para ter criado os célebres heterónimos – Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sem contarmos ainda com o semi-heterónimo Bernardo Soares.
Fernando Pessoa nasceu em Lisboa em 1888 (onde virá a falecer) e aos 7 anos partiu para a África do Sul com a sua mãe e o padrasto, que foi cônsul em Durban. Aqui fez os estudos secundários, obtendo resultados brilhantes. Em fins de 1903 faz o exame de admissão à Universidade do Cabo. Com esta idade (15 anos) é já surpreendente a variedade das suas leituras literárias e filosóficas. Em 1905 regressa definitivamente a Portugal; no ano seguinte matricula-se, em Lisboa, no Curso Superior de Letras, mas abandona-o em 1907. Decide depois trabalhar como «correspondente estrangeiro». Em 1912 estreia-se na revista A Águia com artigos de natureza ensaística. 1914 é o ano da criação dos três conhecidos heterónimos e em 1915 lança, com Mário de Sá-Carneiro, José de Almada Negreiros e outros, a revista Orpheu, que dá origem ao Modernismo. Entre a fundação de algumas revistas, a colaboração poética noutras, a publicação de alguns opúsculos e o discreto convívio com amigos, divide-se a vida pública e literária deste poeta.
Pessoa marcou profundamente o movimento modernista português, quer pela produção teórica em torno do sensacionismo, quer pelo arrojo vanguardista de algumas das suas poesias, quer ainda pela animação que imprimiu à revista Orpheu (1915). No entanto, quase toda a sua vida decorreu no anonimato. Quando morreu, em 1935, publicara apenas um livro em português, Mensagem (no qual exprime poeticamente a sua visão mítica e nacionalista de Portugal), e deixou a sua famosa arca recheada de milhares de textos inéditos.
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